16/03/2014 08h00 - Atualizado em 16/03/2014 23h01

Robô criado na Ufes ajuda crianças com autismo a se comunicar

Máquina utiliza imagens e sons para tentar gerar respostas emocionais.
'Interação pode gerar uma melhora na cognição', diz pesquisador.

Do G1 ES, com informações de A Gazeta

1 comentário

O robô 'Maria' foi criado por um grupo de pesquisa da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) para ajudar crianças autistas. Equipada com monitor, alto-falantes, lasers e uma câmera, a máquina, de pouco mais de um metro de altura, tem o objetivo de melhorar a resposta cognitiva de  meninos e meninas que apresentam a síndrome.

Teodiano Freire Bastos (camisa azul) criador do Robô e sua equipe de alunos, Christiane Goulart, Carlos Valadão. Javier Castillo e Malte Trauernicht (Foto: Ricardo Medeiros/ A Gazeta)Teodiano Freire (camisa azul) criador do Robô e sua equipe de alunos, Christiane Goulart, Carlos Valadão, Javier Castillo e Malte Trauernicht (Foto: Ricardo Medeiros/ A Gazeta)

Segundo o doutor de biotecnologia da Ufes e coordenador da pesquisa, Teodiano Freire Bastos Filho, o autista tem dificuldade de se relacionar com humanos, mas interagem bem com máquinas. "Sabe-se que as pessoas com autismo tem dificuldade de expressar emoções e interagir com pessoas, mas eles interagem com mais facilidade com máquinas. A interação com o robô pode gerar uma melhora na cognição que vai também ajudar na interação da criança autista com humanos", explica.

A servidora pública Eunice Maria Morelatto é voluntária da Associação Amigos dos Autistas e mãe de um autista. Para ela, poder decifrar as reações dos autistas seria um avanço muito importante. "O meu filho não fala, mas a maioria dos autistas também não. Às vezes, a gente fica sem saber qual será a reação dele. Demora muito pra gente saber o que cada expressão quer dizer", conta.

O autista tem dificuldade de se relacionar com humanos, mas interagem bem com máquinas"
Teodiano Freire Bastos,
coordenador da pesquisa

O robô possui um laser que detecta a presença da criança e se aproxima dela. Se a criança não fugir ou demonstrar qualquer tipo de sinal de que está interessada em brincar com ele, Maria começa a emitir imagens e sons."Pela tela e pelos alto-falantes mostramos imagens e sons que tentam gerar emoções nas crianças. Emoções de alegria, euforia ou tristeza", diz o professor.

A todo momento, a criança é monitorada por um tipo de tiara com sensores que captam sinais da atividade cerebral, como um eletroencefalograma em tempo real. Ela também é filmada por uma câmera acoplada ao robô, que fornece informações sobre suas expressões faciais. "Ao juntar os dados obtidos pelo equipamento de encefalograma e pela câmera, será possível saber se aquelas imagens e sons causaram alguma emoção na criança", disse Teodiano.

O coordenador do projeto ressalta também que é preciso que o experimento seja feito diversas vezes com a mesma pessoa para que tenha algum efeito na melhora da interação da criança autista com o mundo exterior.

Previsibilidade
Segundo Eunice, o projeto tem boas chances de dar certo pois autistas geralmente gostam da previsibilidade das máquinas. "Muitos autistas, principalmente os que tem um nível de cognição mais elevado, gostam dos computadores em geral pois eles só reagem com ações específicas, são previsíveis, e para eles isso é muito importante", diz.

Ela ressalta, no entanto, que apenas crianças com um grau mais leve de autismo poderão usufruir dessa tecnologia. "Muitos deles não conseguirão manter os eletrodos na cabeça, pois, para os autistas, o estímulo sensorial causado pela tiara pode ser demais. Vai ser preciso fazer um trabalho de convencimento da criança para que ela mantenha os captores na cabeça", alerta Eunice.

Fase de testes
Os testes que avaliarão exatamente o quanto a interação do robô será benéfica para a criança autista ainda não começaram. "Nós precisamos reunir um grupo de 37 crianças, entre 7 e 11 anos, que tenham autismo e o mesmo número de crianças que não apresentem a síndrome", explica o professor.

No momento, o grupo está em contato com escolas e a associação dos Amigos dos Autistas do Espírito Santo para tentar, junto aos pais das crianças, fazer os testes. "Esse projeto é o primeiro no Brasil a usar a robótica na interação com autistas, mas na Grã-Bretanha já existem 20 robôs desse tipo nas escolas para ajudar os autistas", conta.

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  • Rogerio Barros
    há 2 dias

    coisa bizarra

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